domingo, 27 de setembro de 2009

[Por Entre inseticida]

Destino é o que mergulha
motivo é o que se afoga...
se tiram de pouco a pouco essa agulha ,
--minúsculo--mas o buraco,
é o único que há sobra.

Poesia fina de teia aracnídea
é feia enquanto tece
sem saber de quantos gomos
vai levando a sua vida: ferida
enquanto enrola em sua ceda
a própria pele que lucida: --
uma mosca já sem asas
morta, querida, ou amada.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mente

Eu, sou um morto que mente
só entra na minha mente
quem morto é.
E se o que eu digo não for verdade
esse morto é inteligente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Papel [poema da Carta]

Uma Carta,
pode ser velha na escrita
mas pode ser nova na leitura
mas pra quê, Ela ser nova
[para os olhos?!
Se os olhos
são sempre velhos para ela.

[Eu já era...]

Vivi numa época de evolução:--
os sapos se transformavam em príncipes
os pés se transformavam em mãos
os olhos se transformavam n'outra coisa
falavam pelos ouvidos e diziam pela boca:
"Deus que vida tão sofrida"
Aí aparecia outra alma
e se transformava numa fadinha...
Eu porém, nada reclamava, só esperava
pela farinha, porque eu já era um saco.

Velho ditado contrário

Um dia me disseram pouca coisa
Pouca coisa mais, me disseram, também no outro dia.
Eu depois, menos ainda...
Mas dei de presente: Um gato pra cada um--pra que lhes vomitassem
todas as supérfluas línguas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sonambulismo do abismado

PS: Natalia, direto, sempre que posso leio seu blog. Mas quando eu comento, na hora de postar, dá defeito. E não tem como entrar em contato com você...mas sempre acompanho.

O impacto da bomba
não me deixa com sono
mas a fumaça negra me esconde
sem ter nem mesmo por onde

O poeta de chinelo, xula, mesmo
com seus versos esqueléticos
e a penumbra de fogo nos escombros
me queima aos reflexos

No caminho já perdido
lhe encontra um mendingo
Que diz: Como vai meu amigo?
"Nem me venha com seu desdém

Também estou perdido
mas não lhe chamo de amigo
fantasmagora-me, isso eu peço
e só por isso estou dormindo."

A pomba que dum brilho
se levantou do ninho,
não era mínino um pássaro
era a bomba que se ostentava.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Coisa da coisa

Tempestades veem e vão
uns olham para o raio
outros olham mudos para o trovão
e se esquecem da chuva
--das gotas da chuva--
que são simples e caem
e como caem
Na palma da mão não se prendem
Não cabem como cabem numa folha de mamão
que seja!
uma gota inteira, refletida de única pureza
E os boquiabertos, ficam, parados
Esperando que surja um trovão
que clareie a noite
Que surja um raio
que não caiba na mão,
que caiba no céu
e não caia na terra
no único alimento que lhes tem--No pé de mamão.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Poeta [ao Diego El Khouri]

No mundo da alucinose
não tem o quê e nem o onde
crianças giram no carrossel
a noite é o próprio céu

Da conserva concentrada
o porre doce-amargo
não é nada de bebida
é o uno gosto da lume

O lustre do saguão, todo amarelo
"Olha lá, o único de chinelo"
Desinibido pela vida, embalsama o quimero

O mórbido embrião
Suicída!--escuta quieto,
--o instinto de quem tem a vida--
O Poeta de chinelo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

[Parte da Parte] Parte X

Ir e voltar faz parte de um joão bobo
Se ele consegue ou não parar
Fica ai o critério do mistério
De que ele só precisa balançar.

Parte "B"

Se tudo na vida pudesse ser azul
Estaria eu pisando agora no céu
Que culpa teria um urubu voar na terra?!
É óbvio, teria a culpa azul.

Parte "E"

As folhas verdes, secam, avoam...
É como as árvores e o tempo se destraem
Que passa, passa, outonos, primaveras...
Embora isso não impeça, as folhas caem...


Colcha

O sarcasmo
é um pedaço da injúria
A labuta
uma parte do trabalho
Nada disso passa de uma luta
Uma colcha inteira,
não passa de um retalho.

[Recinto]
Pra ver se o
sentimento é puro
basta enxergá-lo
no âmbito do escuro.

Aguardo de terça[poemas marcólicos]

Esse meu raciocínio
sem alejo, sem muleta
Esse meu alívio
Sem verdade, sem mentira
Deixa sem moínho os próprios tais moídos
e os espinhos que eu vejo, do cacheiro
nada mais que os pequenos ruídos fazem sentido
(dos ratos roendo os moídos)
Uma só tranquilidade-- já me disseram
Mas poucos sabem o que já não esperam
ratos ou espinhos? ruídos ou cacheiro?
Vá para o banheiro! Antes de sentir qualquer cheiro.

Folhas brancas

O pouco é muito, perto de algo eterno.

Não tem porque

Triste não é aquele cego que chora
Triste é aquele que ao vê-lo, se comove.