sexta-feira, 26 de junho de 2009

A morte de Aldhrew



Antes que falem mal de Aldhrew, o pico das montanhas foi onde ele nasceu.
Fortes ventanias empurrando a neblina, um lindo despencar de uma altura de mil metros acima e esse foi o seu túmulo.
Antes não era muito bem o que Aldhrew queria. Ele imaginava sim, que algo o esperava lá embaixo, porque aquele lindo céu azul não o encantava muito, isso nas épocas de verão intenso.
Na sua rotina, ele num dia não via e no outro também não, aquilo o incomodou por muito tempo. A única coisa que se podia fazer era imaginar as coisas e sentir. Na sua imaginação Aldhrew corria nas campinas, o vento que batia em seu peito o empurrava para trás. No final das campinas havia uma verdadeira muralha de rochas, rochas duras e macias, macias elas ficavam porque cada vez mais suas forças aumentavam, mas tudo sempre na escuridão e ele não se importava com a deslumbre paisagem ao redor.
De uma certa forma ele sabia que tinha algo lá embaixo, algo que fosse além das muralhas e começava a ter algo novo. Mas ele desitiu de imaginar até um instante, pois as coisas para ele não tinham forma, tudo era uma mancha só e isso o incomodou por muito tempo, talvez durante toda a sua vida.

Uma descoberta para ele, foi o sentir. Aldhrew viu fantasmamente as coisas que o cercava e sabia que alguém cuidara dele, mas a sua volta não havia ninguém e nada que o desse um abraço, o segurasse, e olha que ele precisou de segurança só uma única vez na vida, e não teve.
Ele se sentiu fraco, e forte, porque agora o vento que antes o empurrava para trás, não o empurrava, ele é quem empurrava o vento com sua fúria inconsciente, inconsequente. Mas ainda sim lhe dava a impressão de que o vento se vingava, vagarosamente.
Então ele se lembrou da imaginação de um dia, sonhou, algo o esperava lá em baixo, mas ele olhava discretamente e não via, não a quem o esperava, mas estava enchergando as coisas, formas e até seu olho se desmanchava com o ardor do vento. Ainda sim, as coisas eram uma mancha só, com uma certa evolução.
Tudo era embaraçoso, mas si Aldhrew soubesse contar, poderia contar até uns poucos segundos.
Ele estava voando em direção as muralhas, as coisas pouco mudadas, exceto o voo, e ele sabia mesmo que tinha alguém o esperando, lá embaixo por trás das rochas. Ele estava se sentindo fraco, mas estava com coragem, de novo não se importou com deslumbre paisagem, sentiu-se capaz de atravessá-las, não via mais nada de nada, e atravessou, largou de sentir e largou de imaginar a sua vida.
Ele nasceu numa época que não se sabe ao certo...e as vezes rumores de vento dizem ainda que isso não aconteceria, si ele tivesse sentido que era um pássaro e que esteve por semanas dentro da casca de um maldito ovo.

Aldhrew teve a morte mais feliz que podia, afinal todo aquele céu azul anil não o encantava muito mesmo.

Você faz sentido



Sua timidez é um botão de rosa,
que esconde as mais roxas pétalas
e que de manhanzinha ganha um orvalho

Ao florescer me traz encantos,
e no ar fica, o seu cheiro intenso

Me leva a seu encontro
mas eu não consigo chegar perto de você
não assim, num instante

Sei de tudo um pouco disso
Suas maravilhas podem estar envoltas
uma cúpula de galhos com espinhos
como os de uma roseira qualquer.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pirapitinga em Tupi



Comparado a um pirapitinga, vivo em um pequeno pedaço.
Pulando de solo em poças , a espera pela chegada ao mar,
mas o deserto pode vir também...
Não tenho pressa, vou apenas pulando nas poças, assim respiro um pouco,
em pequenos pedaços, e sinto-me vivo, sinto-me morto, sinto-me vivo
sinto-me morto.
Um curto tempo, um curto prazo, curto como um trocar de passos.
Poderia me comparar a uma ibirapuera, que espera pela estação das águas,
e que no decorrer do tempo, fica pitinga no verão,
perde até as cascas no inverno,
na primavera....e na primavera...

Pirapitinga, em quase Tupi.

sexta-feira, 19 de junho de 2009



" O velho "


Quero conhecer Homero
Perguntar a ele o que sintiam,
os cretences quando tocavam,
sentiam o som da flauta?
sentiam o som da cítara?

Eu seria um dos aqueus
ou um dos helenos
seria um dório
ou um dos 'malditos' troianos

Eu seria o Minotauro
Adorado, dono do labirinto
Derrotado pelos gregos,
Não!

Seria um cretence
sem morar em Creta,
mas tocando flauta

Veria de longe o Monte Olimpo
chamaria os deuses para uma discussão
me fariam companhia com suas perfeições

O meu sopro seria insurdecedor
Mais porcos sujos
e eu aqui falando de Odisséia
Estou mentindo, não conheço.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Engrenagens



As lágrimas saem dos olhos
nas pálpebras se estancam
escorrem pelo rosto, pigam no chão

Os olhos empapuçados
ardem
perto a um pirilampo
vem sono, vem sonhos

Suor e frio, de bater as costelas

Minha febre
Engrenagens pequenas
Girando, girando...

Aproxima, afasta
Uma grande lupa
me puxando outra vez
Que frio, me deixa deitar

Um gosto amargo,
de vez em quando engrenagens
girando a todo tempo
Me puxando, me moendo

Respingos d'água pelo corpo

Isso de vez enquando
Gargalhadas e um gosto amargo
enquanto gargarejo com dipirona.

quinta-feira, 4 de junho de 2009




" Não devo abandonar tudo "

Não devo abandonar tudo
Devo me atrasar sempre em alguns minutos
Parar o tempo
Voltar atrás não dá, não por muito tempo.
Mais isso tudo é normal e apesar que eu queira, mais não precisa ser muito tempo mesmo.
Eu sou um instante, posso contar os segundos que vivi, e não que nos outros segundos eu estive ou esteja morto, mais sim atrasado, parado num momento exato de tristeza, pensando em você.

Quando quero sua atenção, te hipnotizo
Quando quero que me diga algo, eu falo o que eu sinto por você
Si não te vejo, fecho os olhos
Si você fala, eu só te escuto

Si me diz que gosta, eu sempre te faço
As minhas palavras vão até você
Pelo olhar ou pelo tocar

Faço pouca coisa por você, eu sei
Não porque me fala, mais porque não me fala
Não diz adeus, mais vai embora
Você chora, quando eu fecho os olhos

Si eu digo, você não entende
Si eu só te escuto, você não fala
Então nunca que evoluimos nem do macaco.

terça-feira, 2 de junho de 2009


(desenho feito por:Ivan Atun)
Corvo(II)

Olha Alpiste
Queria que fosse diferente, que estivesse de outro jeito,
mais teve sua punição, e não seria muito justo. Agora está
se redimindo, menos mal, pedi que entregasse as cartas
a ela.
E o que vc me fez?
Foi se entreter com...com...com alpiste?!
Tu não come alpiste, come?
Mereceu a punição.
Você a devorou,
a gota d'água, e agora está ai como sua casa.
Sente isso?, acho que não.
Queria que não estivesse empalhado,
ai eu poderia saber quem foi que tentou te dar alpiste.
Não foi ela, foi...
Não, ela não apareceria com aperitivos, nem mesmo a um corvo.

(desenho feito por: Ivan Atun)
Corvo ( I )

Olha Alpiste
Enche os olhos, seu corvo tolo, meio dia e nada.
Que morra então, mais aos poucos
sua doença o deixa meio empalhado
fica nesse puleiro
não se arremesse no ar, ninguém vai segurar
E também ninguém pula
Deixa ir embora os grãos,
si ao menos si alimentasse.

Alpiste! o alpiste.

Corvo tolo, nem parece corvo
está meio torvo, pestilento
sonso...
Olho pra você
Uma mulher segurando alpiste com os olhos encharcados,
de alpiste.

Corvo ignorante, empalhado.